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História

 

PAROBÉ: A TRAJETÓRIA DE UMA ESCOLA CENTENÁRIA

Reconhecendo a importância da Escola Técnica Estadual Parobé no contexto educacional do Estado do Rio Grande do Sul e no País e, por ela passar a ser um Centro de Referência da Educação Profissional, tem-se como objetivo, neste momento, relatar a história da escola num contexto histórico-cultural e a construção de projeto pedagógico ao longo de sua trajetória.

A trajetória da escola: as denominações e as reformas educacionais

Em 1898, o diretor da Escola de Engenharia, o engenheiro e professor João José Pereira Parobé, solicitou ao presidente do Conselho Municipal de Porto Alegre, Antônio Carlos Pereira Caldas, uma verba para a construção de uma escola de Ensino Profissional. Porém, apenas no ano de 1906, sob a presidência de Antônio Augusto Borges de Medeiros, um grupo de professores da Escola de Engenharia, liderado por João José Parobé, criou o Instituto Técnico Profissional, que funcionava inicialmente nos porões da Escola de Engenharia, onde iniciaram os estudos dezesseis alunos no turno da noite nos cursos de marcenaria e forja. 

Neste ano transforma-se na mais importante escola técnica do Rio Grande do Sul, formando mestres e contramestres para as áreas da construção mecânica e civil, marcenaria e artes. Destinava-se também à população de baixa renda e o ensino gratuito, era em regime de internato. 

Em 1908, o Instituto ganhou sede própria, com oficinas de mecânica, serralheria, forja marcenaria e carpintaria. A partir de 1910, o Instituto passou a funcionar nos três turnos por meio de intercâmbios com liceus e institutos europeus e teve seus currículos disciplinares modificados a fim de se adaptar ao meio local.

No período de 1908 até 1921, o Instituto Parobé, dirigido pelo Professor Dr. João Lüderitz, foi um dos mais importantes Institutos da Escola de Engenharia de Porto Alegre, tendo-se em vista os fins a que se propunha que eram de promover o ensino secundário superior técnico profissional de mecânica, de artes e ofícios, e se destinava preparar mestres e contramestres. Neste período o instituto ampliou o seu programa criando um curso noturno de aperfeiçoamento para os operários e menores que não puderam frequentar o curso diurno.

Em 1912, os três primeiros alunos formados foram agraciados com cursos de especialização na Alemanha e nos Estados Unidos. Ao retornarem, foram admitidos como professores do próprio Instituto, fazendo com que esse fosse colocado no patamar de grande importância, tanto na região quanto no Estado.

O engenheiro e professor João José Pereira Parobé faleceu em 1915 e, no ano seguinte, em sua homenagem, o Instituto Técnico Profissional teve seu nome alterado para Instituto Parobé. 

Com a reforma do ensino industrial, coube a João Lüederitz, então diretor do Instituto Parobé, a reorganização das instituições de ensino técnico, já que o Parobé fora o primeiro na formação de técnicos industriais no Brasil.

Em 1918, o Instituto Parobé, foi credenciado pelo Governo Federal por meio do Decreto nº. 13064 de 12 de julho, como Escola de Aprendizes de Artífices do Rio Grande do Sul.  No ano de 1920, foi criado o curso de Soldador e implementou a divisão feminina com a oferta de cursos, como: culinária, corte e costura, bordado e jardinagem, ministrados pelo Curso Feminino de Educação Profissionalizante destinada ao preparo técnico e profissional de menores pobres.

A educação, até então, dedicada somente ao sexo masculino, procurou abranger também, especialmente, o sexo feminino. O Instituto Parobé, de ensino técnico e profissional, atendia os filhos de boa parte das classes menos favorecidas, as classes operárias e pobres. As matrículas estavam assim distribuídas: no curso diurno 433 alunos, no noturno 209 alunos e no curso feminino 87 alunas, sendo que do total de 729 alunos, 719 cursavam gratuitamente, e 10 em regime de internato. 

Em 1921, foi projetado o prédio do Instituto Parobé na Rua Sarmento Leite, 425. As obras iniciaram em 1925 e foram concluídos dois anos depois. A inauguração ocorreu em 1928, durante a presidência de Washington Luiz. No ano seguinte, a Escola de Engenharia promulgou seus novos estatutos, fazendo com que fosse criado o Instituto Parobé para formação de mestres, deixando de existir o Instituto Técnico Profissional. 

Figura 1 - Prédio do Instituto Técnico Profissional Parobé, em 1928.

 

Destacando-se que em 1922, ainda, foi criado no Instituto Parobé, o internato feminino que passou a funcionar no mesmo prédio da Escola – Divisão Feminina, cujas obras foram concluídas em fevereiro, tendo sido matriculadas 10 alunas que passaram a ter aulas em 4 de maio do corrente ano.

Em 1929, o Instituto do Parobé passa a ofertar somente o Curso de Mestres e Contramestres, no diurno e o Curso de Aperfeiçoamento para operários, no noturno, cujo diretor era o Professor Edmundo G. Conrad, que além dos quatro anos do curso profissional técnico, era exigido mais um ano de estágio, com a elaboração de uma tarefa final, bem como seu respectivo projeto, orçamento e execução; dando ao aluno o título de mestre. Aos alunos que estavam concluindo o estágio era assegurada a inscrição nos cursos superiores mantidos em outras seções da Escola de Engenharia, sem que fosse necessário prestar vestibular.

Com a criação da Universidade Técnica do Rio Grande do Sul, em 1932, o Instituto Parobé foi incluído nos 11 Institutos da Escola de Engenharia e, em 1936, os Institutos de Ensino Superior passaram a fazer parte da Universidade de Porto Alegre. O Parobé tornou-se uma seção de Ensino de Artes e Ofícios da Universidade Técnica destinado a formar mestres e a ministrar cursos noturnos, conhecimentos gerais e técnicos para o aperfeiçoamento de operários. 

Em 1952, através do Decreto nº. 3.588 são criados os cursos artesanais para funcionamento diurno e noturno nas seguintes especializações: Fundição, Modelação, Serralheria, Solda, Desenho de Máquinas, Ferramentaria, Tornearia Mecânica, Fresagem Mecânica, Ajustagem e Montagem de Máquinas, Mecânica de Automóvel, Máquinas e Instalações Elétricas, Refrigeração, Marcenaria, Tornearia em Madeira, Linotipia, Tipografia e Impressão, Encadernação, Fotogravura, Alvenaria e Revestimento.

Depois de muitas modificações, tanto nas suas grades curriculares quanto fisicamente, em 1960 e já se chamando Escola Técnica Parobé, passou a funcionar na Avenida Loureiro da Silva, 945, em Porto Alegre.

A Escola vivenciou várias mudanças educacionais desde sua criação, destacando-se a sua transformação em Escola Técnica adequando-se às LDB nº. 4024/61. Em 1971, teve sua estrutura reorganizada para atender a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional nº. 5.692/71, passando a denominar-se Escola Estadual de 2º Grau Parobé, oferecendo os cursos técnicos: Mecânica, Eletrotécnica, Edificações, Estradas e Eletrônica, com a duração de quatro anos e meio.

A partir de 1990, passam a ter a duração de quatro anos, à atual, LDBEN nº. 9394/96 e, principalmente, à legislação que regulamenta os artigos referentes à Educação Profissional da LDB nº. 9394/96, tais como o Decreto-Lei nº. 2.208/97, Resolução CNE /CEB nº. 04/99 - que instituiu as competências específicas por área profissional e cargas horárias mínimas - e Parecer CNE/CEB nº. 16/99 - que revogou o Parecer nº. 45/72 - e Pareceres afins em âmbito estadual. 

Figura 2 - Vista aérea do atual prédio da escola

 

Em 1999, pelo Decreto nº. 39.600 de 22 de junho do Governo Estadual cria o Centro Tecnológico Estadual Parobé e, em 2000 a Escola Técnica Estadual Parobé é credenciada pela Resolução do CEEd/RS nº. 253 Portaria nº. 307 de 11 de dezembro de 2000.  Os atuais Planos de Cursos de Mecânica, Eletrotécnica e Eletrônica da Área Profissional da Indústria e Edificações e Estradas, da Área Profissional da Construção Civil foram autorizados para oferta pelo Parecer CEEd nº.  1.459, de 18 de dezembro de 2002.

Em 2010, pelo Parecer CEEd/RS nº 562/2010 e Portaria SE nº 195/2010 publicada no Diário Oficial do Estado de 17 de dezembro de 2010  ganha a  designação de Centro Estadual de Referência em Educação Profissional – Escola Técnica Estadual Parobé.

Por fim em 2011, os Planos de Cursos Técnicos em Mecânica, Eletrotécnica e Eletrônica do Eixo Tecnológico Controle e Processos Industriais foram autorizados para oferta pelos Pareceres do CEEd/RS nº 54, 55 e 56 respectivamente, de 12 de janeiro de 2011, como também os  Planos de Cursos Técnicos em Estradas e em Edificações do Eixo Tecnológico Infraestrutura foram autorizados para oferta pelos Pareceres do CEEd/RS nº 57 e 58  respectivamente, de 12 de janeiro de 2011.

E mais, as Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Médio e para a Educação Profissional Técnica de Nível Médio exigem, paralelamente às mudanças na organização curricular, nas práticas pedagógicas, no perfil docente e no foco da aprendizagem, uma completa revisão, por parte das escolas, no que se refere a seus critérios e sistemas de avaliação.

 

Figura 4 - Laboratório de Construção Civil –  Curso Técnico em Edificações

 

De acordo com o Projeto Politico Pedagógico destacam-se os elementos de um processo de gestão democrática comprometida com a escola cidadã:

  1. a interdisciplinaridade como metodologia, a que situa  o professor como educador, comprometido com o projeto político-pedagógico;
  2. a necessária abertura de espaços institucionais para implantação de experiências inovadoras, para o espírito científico criador e para a livre expressão da pluralidade;
  3.  a agilidade e fidelidade das informações gerando a transparência das ações e eliminando a dissimulação;
  4. a coerência entre o discurso e a prática;
  5. a cultura do querer fazer, no lugar do dever fazer;
  6. a suavidade nos modos e a firmeza na ação - como posturas básicas;
  7. o cultivo do clima organizacional positivo que leva as pessoas ao desafio da construção coletiva e à valorização, tanto profissional quanto afetiva, que gera o prazer de frequentar o ambiente de trabalho;
  8. o compromisso com a democracia, com a defesa dos direitos humanos, com a não-discriminação e com a preservação do meio ambiente.

Na concretude de sua atuação, a Escola Técnica Estadual Parobé revitaliza constantemente o paradoxo: ao ser contemporânea, está sempre inserida no seu tempo; buscando ser atual, deve colocar-se, de forma permanente, à frente do seu tempo. É uma instituição também preocupada com o desafio de garantir a produção de conhecimento inovador e crítico, fruto do respeito à diversidade, à heterogeneidade, à pluralidade de ideias que convivem no mesmo espaço institucional, abrigo da polêmica e da multiplicidade de saberes.

    1. Parobé: contexto atual

A Escola Técnica Estadual Parobé está inserida em um espaço físico de 15.000m2 de área construída, atende, preferencialmente, os municípios da Grande Porto Alegre, num raio aproximado de 80 km e com uma população estimada em 3.400.000 habitantes onde estão localizados os empregadores dos egressos dos cursos. Destaca-se também que além da região metropolitana, a escola atende alunos egressos dos municípios de Uruguaiana, Bagé, Lajeado, Arroio dos Ratos, São Jerônimo, Minas do Leão, Montenegro, Nova Santa Rita, Novo Hamburgo, Esteio, Sapucaia do Sul, entre outros.

Atualmente a Escola possui 2.247 alunos (entre alunos regulares e alunos que realizam estágio fora de prazo), sendo que deste total, 649 alunos no Ensino Médio Politécnico e os outros 2.068 nos Cursos Técnicos da escola, envolvendo 104 turmas.

Para atender esta clientela a escola possui 203 docentes, sendo que 73 docentes são nomeados e 130 contratados (contratos emergenciais e temporários) deste total, 36 docentes atuam no Ensino Médio Politécnico e 167 na Educação Profissional Técnica de Nível Médio (Cursos Técnicos). Em relação à formação inicial e continuada dos docentes que atuam na Educação Profissional, 92% são graduados, 28% licenciados, 44% especialistas, 17% mestres, 2% doutores e, ainda neste universo, 25% possuem formação pedagógica e 47% com formação técnica de nível médio, destacando-se também que em torno de 35% do total dos docentes foram alunos da Escola Técnica Estadual Parobé.

A escola para manter sua infraestrutura conta com 26 funcionários, sendo 5 (cinco) agentes educacionais/administrativo, 4(quatro) agentes educacionais/interação com o educando (monitores), 13(treze) agentes educacionais/manutenção, 3(três) agentes educacionais/alimentação (merendeiras) e 1(um) técnico-científico (bibliotecária). 

Em relação aos alunos dos cursos técnicos 64% buscam qualificação técnica, outros 36% atualização profissional e destes 12% já possuem graduação de Arquitetura e nas diferentes áreas da Engenharia. Outro dado importante é 75% do total dos alunos tem uma jornada de trabalho que varia entre 20 a 40 horas semanais.

 

Figura 5 - Laboratório de Eletrônica- Curso Técnico em Eletrônica

 

Cada curso tem as suas instalações específicas, conforme distribuição que se segue: nos pavilhões 1, 2, 3 está instalado o Curso Técnico em Mecânica; no pavilhão 4 está instalado o Curso Técnico em Estradas, no Pavilhão 5  situa-se o  Auditório da Escola, que está em reforma;  no 6 está instalado o Curso Técnico em Edificações; no 7 localiza-se as instalações do Curso Técnico em Eletrotécnica; no pavilhão 8  está instalado o Curso Técnico em Eletrônica e o 10 é Pavilhão para as Práticas de Educação Física. No Prédio Anexo ficam as salas de aula que atendem os Cursos Técnicos e os Projetos Especiais.

No Prédio Central estão localizadas as salas de aula e Laboratórios de Arte, Química, Física e Biologia para o Ensino Médio Politécnico, os setores técnico-administrativo-pedagógicos, Laboratórios de Informática, Biblioteca, Anfiteatro Paulo Kiraly e Salas Multimídias. As condições ambientais são satisfatórias, boa ventilação natural, todas as salas de aula têm ventiladores, fácil acesso, elevador no prédio central e na maioria das salas têm mais de um m² por aluno e uma rede lógica que atende toda a Escola com internet livre (wireless).

Figura 6 – Pátio da Escola

 

Espaço de lazer e recreação está nas formas disponibilizadas pela escola a comunidade bem como recreação e esportes pensados em dimensões apropriadas às condições de uso, sendo assim a escola tem um pátio extenso, um jardim bem cuidado, um ótimo espaço para lazer e recreação como também uma grande área fechada que se destina a circulação das pessoas.

Em assim sendo, a Escola Técnica Estadual Parobé é uma instituição cujo papel não se destina tão somente a reproduzir estruturas e valores, antes é o lugar que acolhe as exigências críticas da sociedade, tornando-se um agente dinâmico a contribuir para a sua evolução histórica.

Missão:

Oferecer educação profissional inovadora em sua proposta e práticas pedagógicas voltadas para pesquisa contribuindo no desenvolvimento de uma sociedade sustentável.

Visão:

Consolidar-se como centro de excelência na educação profissional até 2018 comprometido com a formação de cidadãos críticos e empreendedores.

Valores:

A escola proporciona uma educação que valoriza o compromisso ético com responsabilidade social, o respeito, a transparência, a excelência e a determinação em suas ações, em consonância com os princípios de cidadania, de alteridade, com liberdade de expressão e com a cultura de inovação.

 

Mostra de Trabalhos do Curso Técnico em Eletrônica - o objetivo principal é a motivação dos alunos com relação ao curso e ao exercício profissional despertando a capacidade empreendedora como também reduzir a evasão do curso despertando a necessidade de permanência no mesmo. Outro objetivo é, por meio da visitação, despertar a curiosidade na comunidade escolar trazendo as empresas para dentro da Escola.

Em 2014 foram 54 grupos expondo seus trabalhos, sendo 4 grupos oriundos de outros cursos da Escola, 2 grupos do Centro de Educação Profissional Fundação Pão dos Pobres, na qualidade de visitante, além de eventos técnicos, que agregaram valor à mostra.

A partir destas mostras de trabalhos, a Escola teve projetos premiados nas feiras externas, tais como: MEP/FECITEP/MOSTRATEC/ FEICOM/UFRGS.